Uma decisão judicial emitida nesta terça-feira (9) bloqueou a tentativa do presidente Donald Trump de demitir Lisa Cook, integrante do Conselho de Governadores do Federal Reserve. A juíza distrital Jia Cobb considerou que a medida violaria o princípio de independência do banco central norte-americano, previsto no Ato do Federal Reserve, que só permite a remoção de um governador por justa causa relacionada ao exercício da função.
Trump havia anunciado a demissão de Cook em agosto, alegando envolvimento da economista em suposta fraude hipotecária anterior à sua nomeação. As acusações foram levantadas pelo diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA), Bill Pulte, com base em documentos ligados a imóveis de propriedade de Cook. A governadora nega qualquer irregularidade.
Com a liminar, Lisa Cook permanece no cargo e participará da próxima reunião do Comitê do Fed, marcada para 16 de setembro, quando está prevista a discussão sobre um possível corte na taxa de juros. Esta é a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos tenta remover um membro do conselho do Fed sob alegação de justa causa.
A Casa Branca reagiu à decisão judicial, afirmando que a demissão foi legal e que continuará buscando formas de reforçar a responsabilidade institucional do banco central. Já a defesa de Cook celebrou a decisão, destacando que permitir a remoção com base em acusações vagas colocaria em risco a estabilidade financeira e o respeito ao Estado de direito.
Lisa Cook, de 59 anos, foi confirmada pelo Senado em 2022 e é a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira no Conselho de Governadores do Federal Reserve. Sua permanência tornou-se um símbolo da disputa entre a autonomia técnica da instituição e a influência política do Executivo. O caso pode ser levado à Suprema Corte, que terá a palavra final sobre a legalidade da tentativa de demissão.