Justiça Militar demite PM acusado de matar Leandro Lo após julgamento unânime

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A imprensa internacional, como BBC e Fox Sports, repercutiu a morte do lutador. A emissora pública australiana ABC declarou que “sua morte chocou a comunidade do mundo da luta” • Reprodução/Instagram

O Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo (TJMSP) decidiu nesta quarta-feira (18), de forma unânime, pela demissão do tenente da Polícia Militar Henrique Otávio Oliveira Velozo, acusado de assassinar o multicampeão de jiu-jitsu Leandro Lo em 2022. O julgamento, que tramitava em rito administrativo militar, concluiu que o oficial cometeu infração gravíssima, desonrosa e incompatível com a função policial-militar, determinando a perda de posto e patente.

O caso teve início em 7 de agosto de 2022, quando Leandro Lo foi baleado na cabeça durante um show no Clube Sírio, zona sul de São Paulo. Segundo a investigação, o atleta teria derrubado o tenente Henrique após uma provocação. O policial, de folga e sem farda, saiu do local, retornou armado e disparou contra o lutador, matando-o. Câmeras e testemunhas afirmaram que Velozo ainda teria chutado a vítima já inconsciente no chão, antes de fugir do local.

Apesar de estar preso preventivamente no Presídio Militar Romão Gomes desde então, Velozo seguia recebendo salário integral como tenente, com base em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que garante remuneração até condenação definitiva. Essa situação gerou críticas públicas e pedidos por maior rigor na responsabilização de agentes de segurança acusados de crimes graves.

A decisão da Justiça Militar trata exclusivamente da expulsão do quadro da PM, sem julgar o mérito do homicídio em si, que será examinado pela Justiça Comum. A audiência está marcada para 5 de agosto e o tenente responde por homicídio doloso por motivo fútil.

O processo militar tramitou em tempo recorde — apenas 74 dias — e foi conduzido como parte de um Conselho de Justificação. Os desembargadores entenderam que Velozo quebrou a confiança pública e violou direitos humanos fundamentais, tornando-se incompatível com o serviço público.

A defesa do ex-tenente, liderada pelo advogado Claudio Dalledone, sustenta que houve cerceamento de defesa em fase anterior do processo, quando o juiz criminal negou ouvir os peritos contratados pela defesa. Ainda não há declaração oficial sobre a decisão da Justiça Militar.

Ídolo mundial do jiu-jitsu, Leandro Lo era oito vezes campeão mundial e símbolo de excelência brasileira no esporte. Sua morte causou comoção internacional, sendo repercutida por veículos como BBC, ABC australiana e Fox Sports, que destacaram a brutalidade do caso. Com apenas 33 anos, Lo já havia conquistado títulos em todos os continentes e era referência ética entre atletas e fãs.

Fonte: Redação
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