O russo Sergei Torop, conhecido como “Vissarion”, foi condenado nesta segunda-feira (30) a 12 anos de prisão em regime fechado por causar danos físicos e psicológicos a seguidores de sua comunidade religiosa na Sibéria. Fundador da chamada “Igreja do Último Testamento”, Torop se declara a reencarnação de Jesus Cristo e é seguido desde 1991 por milhares de pessoas que viviam em assentamentos isolados sob suas orientações espirituais e comportamentais.
Segundo o tribunal da cidade de Novosibirsk, Torop e dois assistentes — Vladimir Vedernikov e Vadim Redkin — foram considerados culpados por abusos psicológicos, fraude e prejuízos à saúde física e mental de diversos membros do grupo. O trio deverá cumprir pena em um campo de prisioneiros de segurança máxima, além de pagar 40 milhões de rublos (aproximadamente R$ 2,78 milhões) em indenizações por danos morais.
As investigações, iniciadas em 2020, apontaram que os acusados utilizavam métodos de pressão e controle para extorquir recursos financeiros dos seguidores e impor regras rígidas, como a proibição do consumo de carne, álcool, tabaco e dinheiro. A operação que resultou na prisão envolveu o FSB (serviço de segurança da Rússia) e contou com o uso de helicópteros para acessar a comunidade isolada conhecida como “Cidade do Sol”.
O Comitê de Investigação da Rússia identificou ao menos 16 vítimas com danos morais, sendo que seis também sofreram lesões físicas graves. A Justiça considerou ainda a existência de práticas que afetaram a liberdade individual e o desenvolvimento psicológico dos membros, incluindo relatos sobre a preparação de meninas para casamentos dentro do grupo.
A defesa de Vissarion nega as acusações e afirma que ele apenas guiava seus seguidores com base em crenças espirituais. O grupo afirma que recorrerá da sentença.