Durante cerimônia de inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, realizada nesta terça-feira (9) em Manaus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que a recente megaoperação policial contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) alcançou pela primeira vez o “andar de cima” do crime organizado, referindo-se diretamente à região da Avenida Faria Lima, em São Paulo — considerada o principal polo financeiro do país.
A ação, realizada no final de agosto, teve como alvo um esquema bilionário de lavagem de dinheiro por meio da adulteração e comercialização de combustíveis. Segundo as investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, o PCC teria se infiltrado em instituições financeiras e adquirido postos de combustíveis para movimentar recursos oriundos do tráfico de drogas. A operação foi executada simultaneamente em oito estados e envolveu o cumprimento de centenas de mandados judiciais.
Na Faria Lima, foram realizados 42 dos 350 mandados, com destaque para um único edifício onde foram cumpridas 15 ordens de busca e apreensão. Agentes apreenderam documentos, computadores e materiais em empresas, corretoras e fundos de investimento, incluindo fintechs que estariam ligadas ao esquema. A ofensiva revelou conexões entre o grupo criminoso e setores tradicionalmente considerados distantes da criminalidade comum.
Durante seu discurso, Lula enfatizou que não se pode permitir que apenas populações vulneráveis — como moradores de periferias, povos indígenas e comunidades ribeirinhas — sejam afetadas pela violência, enquanto setores privilegiados da sociedade permanecem impunes. Ele reforçou o compromisso do governo com ações firmes contra o crime organizado, destacando a importância da cooperação internacional para enfrentar redes criminosas que atuam de forma transnacional.
A megaoperação é considerada a maior já realizada no país contra o PCC, e marca uma mudança na estratégia de enfrentamento ao crime, com foco não apenas nos operadores diretos, mas também nas estruturas financeiras que sustentam suas atividades.
