Lula defende desdolarização no BRICS: “É um caminho sem volta”

3 Min de leitura
Foto: Ricardo Stuckert / PR
Foto: Ricardo Stuckert / PR

Durante coletiva de imprensa no encerramento da 17ª Cúpula do BRICS, realizada nesta segunda-feira (7) no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou seu apoio à desdolarização do comércio internacional entre os países do bloco. Segundo ele, a substituição do dólar por moedas locais é um processo “irreversível” que ocorrerá gradualmente até se consolidar como nova norma nas relações comerciais globais.

 “Ninguém determinou que o dólar é a moeda padrão”

Lula criticou a hegemonia do dólar nas transações internacionais e questionou a legitimidade dessa centralidade:

“O mundo precisa encontrar um jeito de que a nossa relação comercial não precise passar pelo dólar. Quando for com os EUA, ela passa pelo dólar. Mas quando for com a Argentina, China ou Índia, não precisa. Ninguém determinou que o dólar fosse a moeda padrão”, afirmou.

 BRICS quer novo sistema financeiro

O presidente brasileiro destacou que, embora os países do BRICS representem cerca de metade do PIB global, detêm apenas 18% do poder de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI). Para ele, essa disparidade evidencia a necessidade de reformar as instituições financeiras internacionais e criar alternativas como:

  • Uso de moedas locais nas transações comerciais
  • Criação de um sistema alternativo ao SWIFT
  • Fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o “banco do BRICS”

🇷🇺 Apoio de Putin e tensão com os EUA

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participou da cúpula por videoconferência e endossou a proposta de Lula, defendendo o uso de moedas locais nas transações intra-bloco.

Em contrapartida, o presidente dos EUA, Donald Trump, reagiu com ameaças: afirmou que aplicará uma tarifa adicional de 10% a países que se alinharem às “políticas antiamericanas” do BRICS. Lula, no entanto, minimizou a declaração:

“Na reunião dos BRICS, ninguém tocou nesse assunto. Não demos nenhuma importância para isso”.

 Expansão e futuro do bloco

Lula também reiterou que o BRICS está aberto à entrada de novos membros e que o bloco representa uma “metamorfose ambulante” em busca de um novo paradigma de governança global. Ele defendeu que o grupo não repita os erros das instituições tradicionais e promova um multilateralismo mais inclusivo e democrático.

A defesa enfática da desdolarização por Lula marca um passo decisivo na tentativa do BRICS de redesenhar a arquitetura financeira global. Embora o processo seja gradual, o recado é claro: o domínio absoluto do dólar está sendo desafiado.

Compartilhar