O presidente francês Emmanuel Macron oficializou nesta terça-feira (9) a nomeação de Sébastien Lecornu como novo primeiro-ministro da França, após a queda de François Bayrou. Lecornu, que ocupava o cargo de ministro da Defesa, assume a chefia do governo com a missão de negociar a aprovação do orçamento de 2026 em um Parlamento profundamente dividido.
A saída de Bayrou ocorreu após uma moção de confiança fracassada, provocada pela resistência de parlamentares da extrema-direita e da esquerda às propostas de ajuste fiscal. O orçamento rejeitado previa uma redução do déficit público para 4,6% do PIB, frente aos 5,4% estimados para o ano atual. A oposição exige mudanças profundas na política econômica e ameaça derrubar qualquer novo governo que mantenha a linha adotada por Macron.
Lecornu será o quinto primeiro-ministro nomeado em menos de dois anos, reflexo da instabilidade política que se intensificou após as eleições legislativas antecipadas de 2024. O Parlamento francês está atualmente fragmentado em três blocos: o Rassemblement National, maior partido da câmara baixa; a coalizão de esquerda França Insubmissa; e o centro enfraquecido que apoia Macron.
Com 39 anos, Lecornu é o único ministro que permaneceu no governo desde o início do mandato de Macron em 2017. Ex-integrante do partido Os Republicanos, ele é conhecido por sua atuação na área de defesa e por manter canais de diálogo com lideranças da extrema-direita, incluindo Marine Le Pen. Essa relação pode ser decisiva nas negociações para evitar nova rejeição do orçamento.
O novo premiê foi incumbido de consultar as forças políticas e propor um governo capaz de viabilizar o plano fiscal. A pressão por eleições antecipadas continua forte, com líderes opositores afirmando que qualquer nome indicado por Macron será alvo de nova moção de censura.