O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta terça-feira (2) que está trabalhando em estreita colaboração com o rei Abdullah II da Jordânia para organizar uma conferência internacional sobre a solução de dois Estados. O encontro está marcado para 22 de setembro, em Nova York, e busca oferecer uma “perspectiva crível de esperança” para israelenses e palestinos.
Macron rejeitou qualquer proposta de reconstrução da Faixa de Gaza que envolva o deslocamento forçado da população palestina, classificando a ideia como “contrária ao direito internacional” e um “beco sem saída”. O presidente francês também defendeu um cessar-fogo imediato entre Israel e o Hamas, a libertação de reféns e o aumento da ajuda humanitária à região.
“Dois povos, dois Estados” é, segundo Macron, a única via possível para uma paz duradoura.
Reconhecimento internacional da Palestina ganha força
A França já havia sinalizado, em julho, que pretende reconhecer formalmente o Estado palestino durante a Assembleia Geral da ONU. A medida provocou reações divergentes: Israel criticou o gesto como “recompensa ao terror”, enquanto os Estados Unidos minimizaram seu impacto político.
Outros países, como Canadá, Reino Unido, Austrália e Bélgica, também indicaram disposição para reconhecer a Palestina, sob condições específicas. A Bélgica, por exemplo, condiciona o reconhecimento à libertação de reféns e à retirada do Hamas da administração local.
Pressão diplomática e sanções contra Israel
O chanceler belga Maxime Prévot anunciou que o reconhecimento será acompanhado de sanções contra Israel, incluindo a proibição de importações de produtos oriundos de assentamentos, revisão de contratos públicos e restrições a membros do governo e colonos extremistas.
A Bélgica também defende que a União Europeia reavalie o acordo de associação com Israel. Embora a Comissão Europeia tenha proposto uma suspensão parcial, países como a Alemanha resistem à medida.
Crise humanitária em Gaza
Enquanto os esforços diplomáticos avançam, a situação em Gaza se agrava. Segundo autoridades locais, mais de 60 mil palestinos morreram desde o início da guerra, incluindo cerca de 18 mil crianças. A região enfrenta um colapso humanitário, com vastas áreas em situação de fome, segundo especialistas em segurança alimentar.
Hoje, 142 dos 193 países-membros da ONU já reconhecem oficialmente o Estado palestino. O gesto, embora simbólico, ganha peso político quando parte de potências como a França, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e integrante do G7.
“É frustrante não poder fazer mais”, lamentou a diplomata europeia Kaja Kallas, refletindo a dificuldade do bloco em adotar medidas mais contundentes.