Mauro Cid confirma que Bolsonaro leu e editou minuta do golpe

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O tenente-coronel Mauro Cid na sala da Primeira Turma do STF, pouco antes do início do interrogatório conduzido por Alexandre de Moraes Foto: Ton Molina/STF

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente leu e sugeriu alterações na chamada minuta do golpe. O documento previa medidas autoritárias para reverter o resultado das eleições de 2022.

Bolsonaro editou trecho sobre prisão de autoridades

Segundo Cid, Bolsonaro solicitou a remoção de trechos que determinavam a prisão de diversas autoridades dos Poderes. O principal alvo do documento era o ministro Alexandre de Moraes, que presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na época da eleição.

“O presidente recebeu e leu. Ele, de certa forma, enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor [Moraes] ficaria como preso. O resto, não”, declarou Cid diretamente ao ministro.

O militar relatou que a minuta era composta por duas partes:

  • Primeira parte: cerca de 10 páginas listando supostas interferências do STF e do TSE no governo Bolsonaro e no processo eleitoral.
  • Segunda parte: fundamentação jurídica com propostas como estado de defesa, estado de sítio, prisão de autoridades e a criação de um conselho eleitoral para refazer as eleições.

A minuta do golpe foi descoberta pela Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, durante uma operação autorizada por Moraes.

Cid afirmou que Bolsonaro participou de duas ou três reuniões em que o documento foi apresentado.

O depoimento de Cid faz parte do julgamento do STF sobre a atuação de aliados de Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado. Além dele, outros sete réus serão interrogados ao longo da semana.

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