A segunda-feira começou com forte turbulência nos mercados argentinos, refletindo o impacto da derrota do partido de Javier Milei nas eleições provinciais de Buenos Aires. O revés político, considerado um termômetro para as eleições nacionais de meio de mandato, gerou uma onda de desconfiança entre investidores e provocou uma liquidação generalizada de ativos.
O índice Merval, principal referência da bolsa argentina, caiu 11% logo na abertura do pregão. O peso argentino também sofreu forte desvalorização, recuando 7% frente ao dólar e se aproximando do limite superior da banda de negociação. Títulos soberanos com vencimento em 2035 despencaram mais de 6 centavos de dólar, enquanto o risco-país saltou 1.000 pontos, evidenciando o aumento da percepção de instabilidade.
Papéis de empresas estratégicas foram duramente atingidos. No setor financeiro, Grupo Financiero Galicia e Supervielle registraram quedas próximas a 20%. Entre as petroleiras, YPF, Vista e Edenor amargaram perdas entre 12% e 16%. A reação negativa se intensificou após o Morgan Stanley retirar sua recomendação de compra para ativos argentinos, sinalizando deterioração nas perspectivas de curto prazo.
A derrota de Milei por quase 14 pontos percentuais para a oposição peronista frustrou expectativas do mercado, que previa um cenário menos desfavorável. Analistas apontam que o resultado pode comprometer a continuidade das reformas econômicas propostas pelo governo, além de dificultar o acesso a fontes de financiamento externo.
Em resposta, Milei reconheceu o revés e prometeu uma “autocrítica profunda”, mantendo o compromisso com sua agenda liberal e com a política cambial vigente. No entanto, o episódio expôs fissuras internas no governo, agravadas por denúncias de corrupção envolvendo figuras próximas ao presidente.
Com a moeda em queda, juros elevados e incertezas políticas em alta, o mercado argentino entra em uma nova fase de volatilidade. A atenção agora se volta para as eleições nacionais de outubro, que podem redefinir o rumo das reformas e o futuro da governabilidade no país.