Mesmo com a taxa básica de juros em 14,75% ao ano, o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV) tem sido o principal motor do setor imobiliário no Brasil. Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram que o mercado cresceu 15% no primeiro trimestre de 2025, impulsionado pelas vendas e lançamentos de imóveis.
Crescimento do setor imobiliário
Entre janeiro e março, foram vendidas 102.485 unidades residenciais, um aumento de 15,7% em relação ao mesmo período de 2024. Já os lançamentos somaram 84.924 unidades, crescendo 15,1% na mesma comparação.
Apesar do avanço anual, houve uma retração em relação ao último trimestre de 2024:
- Vendas recuaram 4,2%.
- Novos lançamentos caíram 28,2%.
Os dados consideram apenas imóveis novos em 221 cidades do país.
O papel do Minha Casa, Minha Vida
O MCMV foi responsável por 53% dos lançamentos e 47% das vendas no período, tornando-se essencial para compensar o crédito mais caro no mercado.
O programa oferece juros subsidiados, variando entre 7,66% e 8,16% ao ano, bem abaixo dos 12% praticados no financiamento imobiliário tradicional.
Segundo a CBIC, o sucesso do programa se deve às condições de crédito mais acessíveis, com juros reais próximos de zero, além da participação de estados e municípios com subsídios adicionais.
Mudanças no programa
Em maio, o governo federal implementou novas regras no Minha Casa, Minha Vida, incluindo a criação da Faixa 4, que amplia o financiamento para famílias com renda entre R$ 8,6 mil e R$ 12 mil.
As condições para essa faixa incluem:
- Financiamento de até R$ 500 mil.
- Prazo de pagamento de até 420 meses.
- Taxa de juros nominal de 10% ao ano.
- Cota de financiamento de 80% para imóveis novos.
Além disso, houve reajuste nos tetos de renda das demais faixas:
- Faixa 1: até R$ 2.850 mensais.
- Faixa 2: até R$ 4,7 mil mensais.
- Faixa 3: até R$ 8,6 mil mensais.
O Ministério das Cidades estima que 100 mil famílias serão beneficiadas com as mudanças.
A CBIC está otimista com o desempenho do mercado imobiliário ao longo de 2025, especialmente com a consolidação da Faixa 4 do programa.
Mesmo com a Selic elevada, o setor opera com estoque equilibrado, suficiente para atender à demanda por oito meses, caso não haja novos lançamentos.
A continuidade dos financiamentos via FGTS e poupança também contribui para manter o mercado aquecido.