A cidade costeira de Qingdao, na província de Shandong, na China, sediou nesta quinta-feira (26) a Reunião de Ministros da Defesa da Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês), reunindo representantes de 10 países-membros em um gesto político relevante diante do cenário internacional marcado por instabilidade crescente.
Conduzido pelo ministro da Defesa chinês, Dong Jun, o encontro destacou o papel da SCO como um “ponto de ancoragem” em tempos de turbulência global. “Num contexto de caos e transformações, é particularmente importante que a SCO atue como força estabilizadora”, afirmou Dong.
Compromisso com a paz e a cooperação regional
Durante a reunião, países como China, Rússia, Índia, Paquistão e Irã concordaram em aprofundar a comunicação estratégica e ampliar a cooperação prática em defesa, com o objetivo de promover a paz e a estabilidade regional. O consenso, segundo a agência Xinhua, reflete o desejo comum de desenvolvimento e colaboração, mesmo entre nações com históricos de rivalidade.
Defesa sem hostilidade e valorização do multilateralismo
Autoridades chinesas reforçaram que a SCO não é uma aliança militar nem adota posturas hostis a terceiros. O porta-voz do Ministério da Defesa da China, coronel Zhang Xiaogang, destacou que o grupo defende valores como justiça, confiança mútua e boa vizinhança, rejeitando práticas hegemônicas ou confrontacionais. “Unidos na cooperação, nossa jornada será longa e estável”, declarou Zhang.
Como presidente rotativa da SCO em 2025, a China anunciou novos programas de colaboração militar e o fortalecimento da comunicação estratégica entre os membros.
“Espírito de Xangai” e contraste com fóruns ocidentais
Para Zhang Chi, especialista da Universidade Nacional de Defesa da China, o posicionamento do país na reunião refletiu “visão, responsabilidade e ação”. Ele ressaltou que o chamado “Espírito de Xangai” — baseado em confiança, benefício mútuo e respeito às civilizações — ganha nova relevância diante da atual complexidade geopolítica.
Zhang também comparou o ambiente da SCO ao do Diálogo Shangri-La, fórum liderado por potências ocidentais, classificando o primeiro como mais construtivo e livre de armadilhas diplomáticas.
Combate ao extremismo e fortalecimento da segurança regional
Outro especialista, Song Zhongping, destacou o papel da SCO no enfrentamento conjunto ao terrorismo, separatismo e extremismo. Segundo ele, o bloco busca uma arquitetura de segurança cooperativa e não se posiciona contra nenhuma outra nação.
Diplomacia alternativa e construção de consensos
A SCO tem se consolidado como uma alternativa multilateral aos fóruns ocidentais, promovendo diálogo e soberania. A presença de países com rivalidades históricas, como Índia e Paquistão, e a disposição para o consenso conferem ao grupo um papel diplomático singular.
Ao final do encontro, os ministros reafirmaram o compromisso com ações conjuntas em defesa e a construção de uma “comunidade com futuro compartilhado”.