A partir de 1º de agosto, a gasolina vendida no Brasil passará a conter 30% de etanol anidro — a chamada mistura E30. A medida faz parte da Lei do Combustível do Futuro, voltada à redução da dependência externa, estímulo à bioenergia e descarbonização do transporte.
Impacto direto nas importações e preços
Com a nova regra, estima-se que até 1,36 bilhão de litros de gasolina A sejam substituídos por etanol, reduzindo as importações em 760 milhões de litros por ano. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o Brasil pode se tornar exportador líquido de gasolina, com um excedente de 565 milhões de litros.
A consultoria Argus aponta que já nos primeiros meses haverá queda de até 125 mil m³ mensais nas compras externas. Importadores vêm se afastando das negociações devido à menor demanda e à arbitragem desfavorável.
Governo e setor privado celebram benefícios
O MME divulgou nota oficial destacando possíveis efeitos positivos:
- Baixa no preço da gasolina para o consumidor
- Redução da inflação
- Estímulo à cadeia do etanol
- Menores emissões no setor de transporte
Setor automotivo apoia e aprova testes técnicos
Os testes realizados pelo Instituto Mauá comprovaram a viabilidade do E30 em veículos leves e motocicletas. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) considera a iniciativa relevante e destaca a tecnologia nacional como aliada — incluindo a infraestrutura flex e sistemas já adaptados ao etanol.
Produção nacional preparada, mas clima preocupa
Segundo líderes do setor de bioenergia:
- A produção de etanol de milho e de cana é suficiente para atender a nova demanda
- Investimentos futuros dependerão da estabilidade do mercado
No entanto, especialistas apontam risco de aumento no preço do etanol hidratado devido à readequação da produção e chuvas que atrasaram a safra de cana.
Transição energética ganha novo capítulo
A adoção do E30 representa mais um passo rumo à autossuficiência energética brasileira e reforça o papel do país como referência mundial em bioenergia sustentável.