A jornalista filipina Maria Ressa, vencedora do Prêmio Nobel da Paz, declarou que o encerramento do programa de verificação de fatos da Meta nos Estados Unidos sinaliza “tempos extremamente perigosos” para o jornalismo, a democracia e os usuários das redes sociais. A declaração foi feita em entrevista à AFP nesta terça-feira (7).
Ressa, cofundadora do site de notícias Rappler, tem sido uma voz ativa no combate à desinformação e à perseguição judicial sofrida durante o governo do ex-presidente filipino Rodrigo Duterte. Para a jornalista, a decisão anunciada pelo CEO da Meta, Mark Zuckerberg, demonstra uma abordagem que prioriza lucros em detrimento da segurança da informação e da sociedade.
“Mark Zuckerberg diz que se trata de uma questão de liberdade de expressão, e isso está completamente errado”, afirmou Ressa. “Somente se você agir com fins lucrativos é que poderá afirmar isso, somente se quiser poder e dinheiro é que poderá afirmar isso. O que está em jogo aqui é a segurança”, destacou.
Fim do fact-checking e impacto político
O programa de checagem de fatos da Meta foi encerrado nos EUA sob a justificativa de que “tem sido muito tendencioso politicamente e destruiu mais confiança do que construiu”, segundo Zuckerberg. Em substituição, a empresa propôs a adoção de “notas da comunidade”, inspiradas no modelo da plataforma X (antigo Twitter), que permite que usuários adicionem contexto a postagens.
A decisão da Meta foi interpretada por alguns analistas como um gesto político em direção ao presidente eleito Donald Trump, que frequentemente criticou a empresa nos últimos anos. Trump, inclusive, saudou a medida publicamente na última terça-feira.
Fonte: Brasil247