Durante uma expedição científica realizada na Baía de Monterey, na Califórnia, pesquisadores identificaram três novas espécies de peixe-caracol, grupo conhecido por habitar regiões abissais do oceano. Entre os achados, o destaque foi o Careproctus colliculi, apelidado de “bumpy snailfish”, que chamou atenção por sua aparência considerada delicada e incomum para os padrões das profundezas marinhas.
O peixe vive entre 3.268 e 4.119 metros de profundidade, em ambientes de alta pressão e completa ausência de luz solar. Apesar das condições extremas, apresenta coloração rosada, corpo gelatinoso e traços faciais que remetem a uma expressão simpática. Essa característica contrasta com o aspecto geralmente assustador de outras espécies abissais, como o peixe-diabo-negro e o peixe-bolha.
Além do bumpy snailfish, foram catalogadas outras duas espécies: o peixe-caracol-escuro (C. yanceyi) e o peixe-caracol elegante (Paraliparis em). Embora compartilhem características como cabeça grande e ausência de escamas, cada uma possui variações morfológicas e genéticas distintas. Todas pertencem à família Liparidae, que reúne mais de 400 espécies adaptadas a ambientes extremos, com temperaturas baixas e escuridão permanente.
Sem luz solar, esses peixes não dependem da visão ou da coloração para se orientar. Em vez disso, utilizam estruturas sensoriais chamadas raios nas nadadeiras peitorais para detectar vibrações na água. O Careproctus colliculi, por exemplo, possui 22 desses raios, que permitem movimentação precisa e percepção do ambiente ao redor.
A descoberta ocorreu na Estação M, uma área já amplamente estudada do Pacífico, o que reforça a ideia de que os ecossistemas marinhos profundos ainda guardam grande diversidade desconhecida. Os pesquisadores alertam para a importância de preservar esses habitats, cada vez mais ameaçados por mudanças climáticas e atividades humanas.