O governo federal lançou uma medida provisória que estabelece uma linha especial de crédito rural no valor de até R$ 12 bilhões, voltada para produtores afetados por eventos climáticos extremos. A iniciativa tem potencial de impacto direto sobre a carteira de crédito do Banco do Brasil (BBAS3), que detém cerca de metade do mercado rural no país.
Segundo dados do segundo trimestre de 2025, o banco acumula R$ 12,7 bilhões em empréstimos rurais com atraso superior a 90 dias, representando 3,5% da carteira total do segmento. Além disso, outros R$ 57,7 bilhões estão classificados como reestruturados, o que indica fragilidade na capacidade de pagamento dos produtores.
A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, informou que aproximadamente R$ 6 bilhões da nova linha poderão ser direcionados ao banco por meio de fundos equalizáveis. Esse montante equivale a quase metade dos créditos em atraso e a 10% dos valores reestruturados. A expectativa é que, se houver adesão significativa dos produtores, parte dessas exposições problemáticas possa ser amortizada ou liquidada com os novos recursos.
Atualmente, cerca de 48 mil clientes rurais do Banco do Brasil estão inadimplentes entre os 100 mil produtores que podem ser contemplados pela medida. A liberação dos recursos dependerá da demanda efetiva e da capacidade de absorção dos produtores, o que pode influenciar diretamente as provisões futuras do banco.
Embora o anúncio represente um sinal de apoio ao setor agrícola, analistas ainda avaliam com cautela os efeitos práticos da medida sobre os ativos do Banco do Brasil. O impacto dependerá da velocidade de adesão e da efetividade na recuperação dos créditos em atraso.
