O diplomata André Veras Guimarães, recém-nomeado embaixador do Brasil no Irã, antecipou em um mês sua ida a Teerã e embarca no próximo fim de semana. Diante do cenário de instabilidade provocado pelo conflito entre Israel e Irã, Guimarães afirmou que ingressará no território iraniano por via terrestre, após desembarcar em um local mantido em sigilo “para minha segurança e da minha família”.
“Estou indo em tempo recorde para chegar, tomar pé da situação e ajudar os colegas”, declarou o embaixador, destacando o caráter emergencial da missão.
Guimarães evitou comentar o apoio dos Estados Unidos a Israel ou o cessar-fogo anunciado pelo presidente Donald Trump. Segundo ele, o foco será o atendimento consular, especialmente à pequena comunidade brasileira no Irã — estimada pelo Itamaraty em menos de 200 pessoas, majoritariamente mulheres casadas com iranianos.
Alguns brasileiros cogitaram deixar o país após o início dos ataques, mas enfrentam entraves legais e logísticos, já que muitos maridos estão impedidos de sair do Irã por conta da guerra. “Até o momento, a embaixada atendeu a poucas pessoas, que conseguiram sair por terra”, explicou Guimarães.
Ele também alertou para a precariedade das comunicações no país, o que dificulta o acesso a informações confiáveis sobre rotas de saída. Ainda assim, garantiu: “Não há ninguém abandonado. As pessoas que queriam sair, já saíram. Não há uma grande demanda”.
A embaixada brasileira em Teerã estava sem titular desde o início do ano. Guimarães substitui Eduardo Gradilone e assume após aprovação do Senado no mês passado. Formado em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis, o diplomata ingressou na carreira em 1996 e já atuou em postos como Nova York e Washington.