OMS recomenda injeção semestral para prevenção do HIV

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Injeção semestral de lenacapavir demonstrou 96% de eficácia na prevenção contra infecção por HIV - Catherine Falls Commercial/GettyImages

A Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a recomendar o uso do lenacapavir, uma injeção semestral de longa duração, como ferramenta adicional na prevenção do HIV, especialmente entre populações de maior vulnerabilidade e regiões com alta incidência do vírus. A orientação foi apresentada nesta segunda-feira (14), durante a Conferência Internacional de AIDS, em Kigali, Ruanda.

O lenacapavir havia sido aprovado inicialmente em 2022 para tratamentos específicos, e mais recentemente passou a ser avaliado para uso preventivo. Em testes clínicos, a injeção demonstrou 96% de eficácia contra a infecção por HIV.

Segundo a OMS, o lenacapavir deve ser oferecido como mais uma opção de profilaxia pré-exposição (PrEP), dentro de uma estratégia combinada de prevenção. A entidade também recomenda o uso de testes rápidos, inclusive os modelos caseiros, para triagem do HIV antes, durante e após a administração de PrEP de longa duração.

A diretora de Programas Globais de HIV da OMS, Meg Doherty, afirmou que a agência está colaborando com países e parceiros para viabilizar a adoção do medicamento. O lenacapavir poderá ser administrado a diferentes perfis populacionais, incluindo gestantes e lactantes.

O custo elevado da injeção — atualmente cerca de US$ 28 mil por ano nos Estados Unidos — gerou preocupação entre organizações envolvidas na resposta global ao HIV. Em acordo firmado com o Fundo Global, a farmacêutica Gilead Sciences se comprometeu a fornecer o lenacapavir sem fins lucrativos a países de baixa e média renda, até que versões genéricas estejam disponíveis.

A medida ocorre em meio ao enfraquecimento de programas internacionais de financiamento, como o PEPFAR (plano norte-americano de combate à AIDS), que teve recursos cortados pela gestão Trump. A OMS e o UNAIDS alertam que essa redução pode resultar em até 4 milhões de mortes e 6 milhões de novas infecções entre 2025 e 2029, caso não haja reposição dos investimentos.

Relatórios recentes apontam queda expressiva na cobertura de PrEP em países como Nigéria e Quênia, afetando diretamente o acesso de mulheres grávidas e crianças aos medicamentos.

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