Paralisia do Sono: A Ciência por trás das Alucinações Aterrorizantes

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Foto: reprodução

Imagine acordar e perceber que seu corpo está completamente imóvel, incapaz de reagir aos seus comandos. Agora, acrescente a essa experiência aterrorizante a sensação de uma presença sombria, observando ou até atacando você. Esses episódios, que muitas vezes parecem cenas de um filme de terror, fazem parte de um fenômeno chamado paralisia do sono.

Esse estado ocorre quando a pessoa desperta antes que os músculos retomem suas funções após o sono REM—a fase mais profunda do ciclo do sono, onde os sonhos mais vívidos acontecem. Durante o sono REM, o corpo permanece paralisado para evitar que os movimentos dos sonhos sejam realizados fisicamente, protegendo contra possíveis lesões. No entanto, em algumas situações, a mente desperta enquanto o corpo permanece imobilizado, resultando em sensações de extrema vulnerabilidade.

Alucinações na Paralisia do Sono

Para cerca de 40% das pessoas que vivenciam paralisia do sono, alucinações visuais, auditivas ou táteis são parte dos episódios. Em 90% desses casos, as alucinações são descritas como aterrorizantes—figuras monstruosas, fantasmas ou criaturas desconhecidas podem surgir no ambiente, causando uma sensação de ameaça real. Algumas pessoas relatam que essas entidades tentam sufocá-las, enquanto outras descrevem a presença como um observador sinistro.

A forma como essas alucinações são interpretadas pode depender da cultura e crenças da pessoa. No Egito e na Itália, por exemplo, é comum que os episódios sejam atribuídos a bruxas ou gênios malignos, gerando um medo intenso da experiência. Já em países como Dinamarca e Estados Unidos, a explicação tende a ser científica, reduzindo o impacto emocional do fenômeno.

Por que vemos “demônios” na paralisia do sono?

Uma teoria amplamente estudada sugere que, ao perceber a imobilidade, o cérebro entra em um estado de alerta e busca uma explicação para o que está acontecendo. Como não encontra uma resposta lógica, ele constrói uma narrativa assustadora baseada em medos primitivos. Além disso, a redução da atividade no córtex pré-frontal—responsável pelo raciocínio lógico—durante esses momentos contribui para que as alucinações pareçam extremamente realistas e emocionalmente intensas.

Causas e fatores de risco

Embora as causas exatas da paralisia do sono ainda sejam um mistério, diversos fatores aumentam a probabilidade de sua ocorrência. Entre eles estão:

  • Privação do sono e rotina irregular
  • Estresse e ansiedade
  • Distúrbios do sono, como narcolepsia
  • Uso de substâncias ou medicamentos que afetam o ciclo do sono

Muitos dos episódios estão relacionados a períodos de cansaço extremo, mudanças bruscas na rotina ou fatores genéticos.

Como lidar com a paralisia do sono?

Embora assustadora, a paralisia do sono não representa risco à saúde. No entanto, se os episódios forem frequentes e incapacitantes, podem indicar distúrbios do sono subjacentes que precisam ser investigados. Para minimizar os episódios, especialistas recomendam:

  • Manter uma rotina de sono regular, com pelo menos 7-9 horas de descanso
  • Controlar o estresse, com práticas como meditação e relaxamento
  • Evitar privação de sono ou mudanças bruscas nos horários de descanso

Pesquisadores, como o doutor Baland Jalal, desenvolveram abordagens terapêuticas para reduzir o impacto da paralisia do sono. Uma delas é a terapia de relaxamento meditativo, que incentiva os pacientes a reavaliar cognitivamente o episódio, focar em pensamentos positivos e evitar a tentativa desesperada de mover o corpo, o que pode intensificar as alucinações.

Ao entender a base científica da paralisia do sono e adotar hábitos saudáveis, é possível reduzir sua frequência e tornar as experiências menos assustadoras.

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