Um tumulto fatal em um centro de distribuição de ajuda em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, deixou pelo menos 20 palestinos mortos nesta quarta-feira (16), segundo relatos da Gaza Humanitarian Foundation (GHF), organização apoiada pelos Estados Unidos e Israel. A GHF afirma que 19 pessoas foram pisoteadas e uma foi esfaqueada durante o caos, que teria sido provocado por agitadores armados ligados ao Hamas.
Versões conflitantes sobre o incidente
- A GHF alega que o tumulto foi deliberadamente instigado por membros armados da multidão, e que armas foram identificadas e confiscadas no local
- O Hamas rejeitou a acusação, classificando-a como “falsa e enganosa”, e culpou a GHF e forças israelenses pela tragédia
- Testemunhas relataram que guardas lançaram gás de pimenta após trancarem os portões, prendendo pessoas entre as grades e a cerca externa
- O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirma que 21 pessoas morreram, sendo 15 por sufocamento e outras por ferimentos causados por tiros
Críticas ao modelo da GHF
A GHF opera fora do sistema coordenado pela ONU, usando empresas privadas de segurança e logística dos EUA. A ONU e organizações humanitárias acusam a fundação de:
- Violação dos padrões de imparcialidade humanitária
- Gestão insegura e desorganizada dos centros de ajuda
- Contribuição para o deslocamento forçado da população
Desde o início das operações da GHF em maio, mais de 875 pessoas morreram em incidentes próximos aos centros de distribuição.
Reações e contexto
- Amjad Al-Shawa, diretor da Rede de ONGs Palestinas, acusou a GHF de má administração:
- A guerra em Gaza, iniciada após o ataque do Hamas a Israel em outubro de 2023, já deslocou quase toda a população do território e provocou fome generalizada.