A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (3) a segunda fase da Operação Fames-19, que apura o desvio de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de covid-19 no estado do Tocantins. A investigação aponta que parte dos valores, oriundos de emendas parlamentares, teria sido desviada por meio de contratos superfaturados e empresas de fachada.
Entre os alvos da operação estão o governador afastado Wanderley Barbosa, sua esposa Karynne Sotero Campos, então secretária estadual de Participações Sociais, e o deputado federal Ricardo Ayres, que à época dos fatos exercia mandato estadual. Policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão em gabinetes da Assembleia Legislativa, no Palácio do Araguaia e em endereços ligados a empresas investigadas.
O ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça, autorizou o afastamento cautelar do governador e de sua esposa por 180 dias, além da suspensão das atividades de 18 empresas envolvidas. Também foi determinado que sete investigados não mantenham contato com servidores públicos ou outros suspeitos de integrar o esquema.
Segundo a PF, os contratos investigados somam R$ 97 milhões, dos quais até R$ 73 milhões podem ter sido desviados. Os recursos foram destinados à compra de cestas básicas e frango congelado, em meio ao estado de emergência decretado durante a pandemia. Há indícios de que parlamentares recebiam valores fixos por unidade distribuída, conforme registros apreendidos em planilhas e notas fiscais.
O deputado Ricardo Ayres declarou que sua participação se limitou à destinação de emendas e que não teve envolvimento na execução dos contratos. Ele afirmou que está à disposição das autoridades e que confia no esclarecimento dos fatos.
A operação segue em andamento, com análise de documentos e cruzamento de dados financeiros. O processo tramita em segredo de Justiça.