Apesar da desaceleração no crescimento econômico brasileiro, os dados do segundo trimestre de 2025 mostram um desempenho ainda robusto, sustentado pela resiliência da demanda interna. A avaliação é do Banco Inter, em relatório divulgado nesta terça-feira (2).
Segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,4% entre abril e junho, abaixo dos 1,4% registrados no primeiro trimestre, mas acima da expectativa do mercado, que projetava alta de 0,3%. Na comparação anual, o crescimento foi de 2,2%, em linha com as previsões dos analistas.
Política monetária e inflação
Para o Banco Inter, o ritmo mais moderado da economia é parte do processo de controle da inflação. A economista-chefe Rafaela Vitória afirma que o Banco Central deve manter o atual nível de aperto monetário até que haja sinais mais claros de desaceleração, com cortes na taxa Selic previstos apenas para dezembro.
“Qualquer impulso fiscal para reacelerar o PIB pode comprometer a convergência da inflação à meta”, alerta Vitória.
Investimentos e poupança
A taxa de poupança teve leve alta, atingindo 16,8% do PIB, mas ainda é considerada insuficiente para sustentar um ciclo mais equilibrado de investimentos. A Formação Bruta de Capital Fixo — indicador que mede os investimentos produtivos — caiu 2,2% no trimestre, reflexo da alta dos juros e das pressões externas.
Segundo o banco, essa dinâmica mantém o país dependente de financiamento externo e limita o avanço do investimento privado.
Perspectivas para o ano
Apesar dos desafios, o Banco Inter projeta crescimento de 2% para o PIB em 2025. A expectativa é de continuidade na desaceleração da demanda interna, tanto no consumo quanto nos investimentos, em meio ao cenário de política monetária restritiva.