Polícia Federal indicia Bolsonaro e aliados por suposto esquema de espionagem na Abin

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Alexandre Ramagem, escolhido novo diretor-geral da PF, cumprimenta Bolsonaro em foto de julho de 2019 — Foto: Adriano Machado/Reuters

A Polícia Federal (PF) concluiu nesta terça-feira (17 de junho) o inquérito que investigava um suposto esquema de espionagem ilegal dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A investigação apontou a existência de uma organização criminosa formada por policiais, servidores e funcionários da Abin, que teria atuado para monitorar autoridades públicas, jornalistas e adversários políticos sem autorização judicial.

A PF indiciou Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Alexandre Ramagem e outros 34 suspeitos por suposta participação no esquema. Segundo os investigadores, o ex-presidente sabia das atividades ilegais e teria se beneficiado diretamente delas.

Monitoramento de ministros, parlamentares e jornalistas

O relatório da investigação revela que membros do Judiciário, Legislativo e Executivo foram vigiados indevidamente. Entre as autoridades espionadas, constam:

  • Ministros do STF: Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux;
  • Deputados e Senadores: Arthur Lira (PP-AL), Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (AP), Joice Hasselmann, Jean Wyllys e Rodrigo Maia;
  • Servidores do Executivo: João Doria (ex-governador de São Paulo), membros do Ibama e auditores da Receita Federal;
  • Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.

A PF identificou que a ferramenta FirstMile foi utilizada para acompanhar os passos desses indivíduos, invadindo celulares e computadores em operações clandestinas.

Envolvimento da família Bolsonaro no esquema

A investigação concluiu que o esquema foi usado para proteger membros da família do ex-presidente em casos judiciais.

Segundo o relatório, agentes da Abin realizaram operações clandestinas para tentar desacreditar auditores da Receita Federal, responsáveis pela denúncia de um esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Além disso, documentos revelam que agentes buscaram criar provas para favorecer Jair Renan Bolsonaro, o filho 04 do ex-presidente, que era investigado em 2021 por suposto tráfico de influência.

Origem da investigação

As investigações tiveram início em 2023, após denúncias sobre o uso da Abin para finalidades políticas. Em 2024, a PF deflagrou a Operação Última Milha, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Agora, o relatório da Polícia Federal será encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), que decidirá se oferecerá denúncia formal contra os indiciados.

A defesa de Bolsonaro nega as acusações e afirma que o indiciamento tem motivação política. O ex-presidente ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão da PF.

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