O Partido Republicano, liderado por Donald Trump, enfrenta turbulências internas enquanto tenta aprovar um ambicioso pacote de cortes fiscais e de gastos públicos avaliado em US$ 3,3 trilhões. A proposta, que inclui reduções significativas no Medicaid e no apoio à energia limpa, enfrenta forte resistência até mesmo entre senadores do próprio partido.
Impasses dentro da base republicana
Apesar da pressão da Casa Branca para que o texto chegue à mesa presidencial antes do feriado de 4 de julho, figuras-chave como o líder no Senado, John Thune, adotam cautela. “Nunca estamos confiantes até o momento da votação”, afirmou. Enquanto isso, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, aposta no avanço ainda nas “próximas horas”.
O impasse é alimentado por senadores como Thom Tillis, da Carolina do Norte, que anunciou voto contrário ao projeto e criticou os cortes no Medicaid. Em plenário, ele questionou como explicaria a perda de cobertura para mais de 660 mil pessoas de seu estado. Sua aposentadoria em 2026 lhe dá liberdade para se distanciar de Trump sem temer retaliações eleitorais.
Democratas articulam resistência e exposição pública
Fora do comando do Congresso, os democratas veem na divisão republicana uma chance estratégica. Durante a chamada “votação por maratona”, pretendem usar emendas para tentar reverter cortes sociais e forçar senadores conservadores a se posicionarem sobre temas controversos, aumentando o custo político do apoio à proposta.
Economia em foco: impacto fiscal e reação do mercado
O pacote prevê cortes em áreas sensíveis, como saúde e educação, e enfrenta críticas também do setor financeiro. Com o aumento do déficit público projetado, os rendimentos dos títulos do Tesouro de 30 anos superaram 5% em maio, refletindo a cautela dos investidores quanto à sustentabilidade fiscal do plano.
Corrida por votos: ajustes e pressão nos bastidores
Thune precisa conquistar ao menos cinco votos entre senadores ainda indecisos. Conservadores como Rand Paul e Mike Lee já sinalizaram objeções. Por outro lado, senadoras moderadas como Susan Collins defendem contrapartidas, como aumento de impostos para bilionários e maior financiamento a hospitais rurais.
Risco político e urgência estratégica
Com apenas três votos de margem no Senado, considerando o voto de minerva do vice-presidente JD Vance, cada movimentação é decisiva. O governo Trump corre contra o tempo para aprovar a medida antes do 4 de julho, tentando evitar uma implosão da já frágil coesão republicana.