Protestos na França se intensificam com confrontos e incêndios após troca de premiê

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Policiais ao lado de um restaurante em chamas durante uma manifestação como parte do movimento de protesto "Bloquons tout" ("Vamos bloquear tudo"), em Paris, em 10 de setembro de 2025. — Foto: Alain JOCARD / AFP

Milhares de manifestantes tomaram as ruas da França nesta quarta-feira (10) em uma mobilização nacional marcada por bloqueios, confrontos com a polícia e atos de vandalismo. Um dos episódios mais graves ocorreu em Paris, onde um restaurante foi incendiado durante os protestos. A ação faz parte do movimento “Bloquons Tout” (“Vamos Bloquear Tudo”), convocado pelas redes sociais em reação à nomeação do novo primeiro-ministro, Sébastien Lecornu.

A mobilização começou nas primeiras horas do dia, com fechamento de rodovias, queima de barricadas e obstrução de vias em diversas cidades, incluindo Nantes e a capital francesa. Em resposta, o governo mobilizou cerca de 80 mil agentes de segurança em todo o território nacional. Estimativas oficiais apontam 175 mil pessoas nas ruas, enquanto a Confederação Geral do Trabalho calcula cerca de 250 mil participantes.

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A insatisfação popular se intensificou após Lecornu assumir o cargo, substituindo François Bayrou, que deixou o posto após ser derrotado em uma moção de desconfiança no Parlamento. Lecornu é o quinto nome indicado por Emmanuel Macron desde o início de seu segundo mandato, iniciado em 2022. Sua posse oficial ocorreu no mesmo dia dos protestos, em meio à pressão para aprovar o novo orçamento do governo, já rejeitado anteriormente pelos parlamentares.

A França enfrenta uma crise econômica profunda, sendo o país mais endividado da União Europeia em termos absolutos. A nomeação de Lecornu gerou forte reação de partidos de centro-esquerda e esquerda, que venceram as últimas eleições legislativas, mas não conseguiram formar maioria para governar.

Durante os protestos, foram registrados confrontos diretos entre manifestantes e forças policiais, com uso de gás lacrimogêneo em áreas próximas a escolas e hospitais. Em Nantes, bombeiros atuaram para conter incêndios em barricadas e latas de lixo. Em Paris, pichações com frases como “comam os ricos” foram vistas em muros e vias públicas.

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Até o momento, cerca de 300 pessoas foram detidas em diferentes regiões do país. As autoridades seguem monitorando os desdobramentos da mobilização, que pode se estender nos próximos dias, caso o impasse político e econômico não seja resolvido.

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