Manifestações intensas tomaram as ruas do Nepal após a circulação de imagens nas redes sociais que mostram supostos filhos de autoridades políticas ostentando estilos de vida luxuosos. A hashtag #nepokids, derivada do termo “nepotismo”, passou a identificar esses jovens, acusados por internautas de se beneficiarem das conexões familiares em um país onde cerca de 25% da população vive abaixo da linha da pobreza.
As imagens, que incluem fotos de roupas de grife, carros de luxo e viagens internacionais, foram amplamente compartilhadas em plataformas como TikTok e X. Em uma das publicações mais comentadas, um jovem aparece ao lado de caixas da Louis Vuitton e Cartier organizadas como uma árvore de Natal. Outro vídeo mostra o filho de um ex-juiz jantando em restaurante sofisticado e posando com um Mercedes-Benz.
A indignação popular foi intensificada por uma recente decisão do governo de restringir o uso das redes sociais, medida vista por muitos como tentativa de silenciar críticas. Jovens nepaleses, especialmente da geração Z, reagiram com força, transformando o contraste entre privilégio e pobreza em um símbolo da desigualdade estrutural no país.
Organizações internacionais apontam o Nepal como um dos países mais afetados pela corrupção na Ásia. Casos como o desvio de US$ 71 milhões na construção de um aeroporto em Pokhara e esquemas de cobrança indevida para obtenção de status de refugiado nos Estados Unidos alimentam o sentimento de revolta. Muitos manifestantes exigem investigações sobre a origem das propriedades acumuladas por membros da elite e seus familiares.
A mobilização ganhou força com a denúncia de que líderes políticos estariam envolvidos em práticas ilegais para beneficiar seus filhos, enquanto a população enfrenta dificuldades econômicas e sociais. A tendência digital que expõe os chamados “nepo kids” se tornou um catalisador para o movimento, que agora exige maior transparência e responsabilização por parte do Estado.