Durante sua visita à China para a cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, abordou temas centrais da geopolítica atual, incluindo a guerra na Ucrânia, a parceria estratégica com Pequim e propostas para uma nova arquitetura de governança global.
Em coletiva de imprensa após o evento, Putin expressou apoio à Iniciativa de Governança Global proposta por Xi Jinping, destacando a importância da confiança mútua entre nações.
“Acredito que seja muito oportuna e visa promover um trabalho positivo entre os países”, afirmou.
Energia e cooperação bilateral
Putin também anunciou avanços no setor energético, confirmando o acordo para a construção do gasoduto Power of Siberia 2, que fornecerá gás à China a preços de mercado. Segundo ele, o projeto é fruto de anos de negociações entre empresas dos dois países e reforça a expansão da Gazprom no mercado global.
Crise ucraniana e proposta de diálogo
Sobre a guerra na Ucrânia, Putin reiterou sua oposição à entrada do país na OTAN, mas reconheceu o direito de Kiev de buscar integração econômica com a União Europeia. Ele defendeu que disputas territoriais sejam resolvidas por referendo, conforme previsto na Constituição ucraniana — embora tenha ressaltado que isso não pode ocorrer sob lei marcial.
“Estamos lutando não tanto por território, mas pelos direitos humanos”, disse, referindo-se à população das regiões disputadas.
Putin também sinalizou abertura para um encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, caso haja disposição para o diálogo.
“Se Zelensky estiver pronto, ele deveria vir a Moscou. A reunião acontecerá”, afirmou, acrescentando que já comunicou essa possibilidade ao presidente dos EUA, Donald Trump.
Crítica às tarifas contra o Brasil
Em tom crítico, Putin condenou o uso da guerra na Ucrânia como justificativa para tarifas comerciais impostas ao Brasil.
“Usar a questão ucraniana para aplicar tarifas ao Brasil por questões de política interna não tem lógica”, declarou.