Durante a primeira cúpula entre Rússia e Estados Unidos em mais de quatro anos, realizada na última sexta-feira (15) em Anchorage, no Alasca, o presidente russo Vladimir Putin apresentou uma nova proposta para encerrar a guerra na Ucrânia. Segundo reportagem da Reuters, as exigências incluem:
- Retirada total das forças ucranianas do Donbass
- Renúncia definitiva à entrada na OTAN
- Manutenção da neutralidade militar da Ucrânia
- Proibição da presença de tropas ocidentais em território ucraniano
Fontes próximas ao Kremlin afirmam que Moscou estaria disposta a congelar as linhas de frente nas regiões de Zaporizhzhia e Kherson, caso Kiev aceite abrir mão do restante do Donbass — área da qual a Rússia já controla cerca de 88%. Putin também sugeriu devolver pequenas porções de Kharkiv, Sumy e Dnipropetrovsk, atualmente sob controle russo.
“Putin está pronto para a paz – para o compromisso. Essa foi a mensagem transmitida a Trump”, disse uma fonte à Reuters.
🇺🇦 Reação firme da Ucrânia
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky rejeitou categoricamente a proposta. Em coletiva recente, afirmou:
“Se estamos falando em simplesmente nos retirarmos do leste, não podemos fazer isso. É uma questão de sobrevivência do nosso país.”
Zelensky também reforçou que a adesão à OTAN é um objetivo estratégico consagrado na Constituição da Ucrânia, e que Moscou não tem autoridade para definir as alianças do país.
🇺🇸 Trump se posiciona como mediador
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem se apresentado como um pacificador e afirmou acreditar que Putin deseja encerrar o conflito. Em declarações ao lado de Zelensky na Casa Branca, disse:
“Acredito que Vladimir Putin quer ver isso terminado. Tenho confiança de que vamos resolver.”
O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, foi responsável por articular a cúpula e já havia se reunido com Putin no Kremlin no início de agosto para discutir os termos da proposta.
Obstáculos e ceticismo internacional
Apesar do gesto diplomático, analistas apontam que a exigência de cessão de território reconhecido internacionalmente torna o avanço das negociações improvável. O cientista político Samuel Charap, da RAND Corporation, avaliou:
“A abertura para uma ‘paz’ em termos categoricamente inaceitáveis para o outro lado pode ser mais uma performance para Trump do que sinal de verdadeira disposição para o compromisso.”
Líderes de Reino Unido, França e Alemanha também demonstraram ceticismo quanto à real intenção de Putin em encerrar a guerra.
Caminhos possíveis
Fontes russas indicam que há alternativas para formalizar um acordo, como:
- Um tratado tripartite entre Rússia, Ucrânia e Estados Unidos, reconhecido pelo Conselho de Segurança da ONU
- Retomada da proposta de neutralidade permanente da Ucrânia, discutida em Istambul em 2022, em troca de garantias de segurança das cinco potências nucleares
Enquanto isso, Moscou mantém sua posição: se Kiev não aceitar os termos, “a guerra continuará”.