Rachadura na África pode dar origem a um novo oceano e transformar a geografia do continente

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O Vale do Rift, ou Grande Vale da Fenda, é uma falha geológica que atravessa países como Etiópia, Tanzânia, Quênia e Uganda • Flickr

Pesquisadores identificaram que uma gigantesca rachadura no leste da África pode provocar uma mudança geológica sem precedentes: a formação de um novo oceano dentro do continente. A fissura, que se estende por milhares de quilômetros, está localizada na região do Vale do Rift, atravessando países como Etiópia, Tanzânia, Quênia e Uganda.

O que está acontecendo no subsolo africano?

O Grande Vale da Fenda não é apenas uma depressão superficial. Trata-se de um processo geológico profundo, resultado do movimento das placas tectônicas. A crosta terrestre está sendo puxada para lados opostos, causando rupturas cada vez mais profundas.

Um estudo publicado na Nature Scientific Reports em 2023 mostrou que as fissuras observadas no Quênia não são superficiais e não estão ligadas apenas à erosão causada pela chuva. São falhas geológicas ativas, provocadas pela separação das placas e pela atividade vulcânica intensa na região.

Quais são os impactos da rachadura?

A movimentação das placas já trouxe danos reais para a população local:

  • Destruição de estradas e trilhos de trem
  • Casas afetadas e famílias vivendo ao lado de grandes fissuras
  • Animais caindo em buracos
  • Emissão de gases do subsolo, como metano (CH₄) e dióxido de enxofre (SO₂), que podem contaminar o ar

Além disso, a região está cercada por vulcões ativos, como os montes Suswa, Longonot e Olkaria, reforçando que a separação continental está em curso.

A fenda pode realmente formar um oceano?

Caso o processo continue por milhões de anos, a porção leste da África pode se desprender completamente do continente, permitindo a entrada de água e formando um novo oceano. Esse fenômeno já aconteceu na história geológica da Terra: foi assim que se originou o Oceano Atlântico, quando a América do Sul e a África se separaram.

Os pesquisadores também alertam para outros riscos, como a contaminação da água subterrânea, já que gases e sedimentos podem infiltrar-se no lençol freático por meio das fissuras.

O que a ciência está fazendo para monitorar o fenômeno?

Especialistas usam diversas ferramentas para acompanhar o Vale do Rift, incluindo:

  • Sensores sísmicos para detectar tremores e deslocamentos da crosta
  • Análise de solo e escavações para entender a profundidade das fissuras
  • Coleta de amostras de gases para medir a presença de substâncias tóxicas

O estudo mais recente revelou 22 pontos de fissuras profundas no Quênia, mostrando que essas falhas são antigas e estão se expandindo ao longo dos séculos.

Embora a formação de um oceano leve milhões de anos, os impactos na vida das populações locais já são visíveis, exigindo atenção constante dos cientistas e autoridades.

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