Ramaphosa pede ação global urgente contra crise da dívida em países em desenvolvimento

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Foto: Rodger Bosch/Pool via REUTERS/File Photo
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O presidente da África do Sul e atual líder do G20, Cyril Ramaphosa, fez um apelo contundente por uma resposta internacional urgente à crescente crise da dívida que afeta países em desenvolvimento, especialmente na África. Em sua carta semanal à nação, divulgada após a 4ª Conferência de Financiamento para o Desenvolvimento, realizada em Sevilha, Ramaphosa alertou que o peso insustentável da dívida ameaça comprometer o futuro de bilhões de pessoas.

Segundo o presidente, o mundo enfrenta desafios sem precedentes, como crise climática, pobreza crescente e instabilidade econômica global. Para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU até 2030, será necessário mobilizar cerca de US$ 4 trilhões por ano — valor que só poderá ser atingido com financiamento acessível e sustentável de longo prazo.

Ramaphosa destacou a convergência entre os compromissos assumidos em Sevilha e a Declaração do Rio de Janeiro, aprovada na Cúpula dos Líderes do BRICS, que reforça a necessidade de ampliar o espaço fiscal dos países em desenvolvimento e reduzir os custos de capital.

Dívida sufoca serviços essenciais

O presidente sul-africano foi direto ao abordar o impacto da dívida: 3,4 bilhões de pessoas vivem em países que gastam mais com juros da dívida do que com saúde e educação. Ele citou a Comissão do Jubileu, criada pelo Papa Francisco, como alerta para a urgência de um novo pacto econômico global.

Embora reconheça que a dívida pode ser uma ferramenta de desenvolvimento, Ramaphosa apontou que choques externos — como a pandemia de COVID-19, conflitos armados e o aperto das condições de financiamento — elevaram drasticamente os custos para países em desenvolvimento.

Iniciativas do G20 sob liderança sul-africana

Durante sua presidência do G20, a África do Sul criou um Painel de Especialistas em África, liderado pelo ex-ministro das Finanças Trevor Manuel, com o objetivo de propor soluções práticas para garantir a sustentabilidade da dívida. Entre as propostas estão:

  • Melhoria do Quadro Comum do G20 para reestruturação de dívidas
  • Cláusulas de dívida resilientes ao clima, que suspendem pagamentos em caso de desastres naturais
  • Intervenções precoces para evitar crises de liquidez

Ramaphosa concluiu sua mensagem pedindo à comunidade internacional uma abordagem abrangente e sistemática para lidar com as vulnerabilidades financeiras dos países de baixa e média renda. Segundo ele, a África do Sul está comprometida em buscar soluções justas e eficazes para a crise da dívida global.

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