O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciou nesta quinta-feira (11) a demissão imediata de Peter Mandelson do cargo de embaixador do Reino Unido em Washington. A decisão veio após a divulgação de mais de 100 e-mails inéditos entre Mandelson e o financista Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais contra menores e morto em 2019.
Segundo reportagem da Bloomberg, os documentos revelam uma relação próxima entre os dois, incluindo uma mensagem enviada por Mandelson na véspera da prisão de Epstein em 2008, na qual ele afirma: “I think the world of you” e oferece ajuda política. O gesto foi interpretado pelo governo como apoio explícito ao financista em um momento crítico.
Pressão política e crise diplomática
O Ministério das Relações Exteriores britânico confirmou que Mandelson sugeriu, em comunicações privadas, que a condenação de Epstein era injusta e deveria ser contestada. “À luz disso, e em respeito às vítimas dos crimes de Epstein, ele foi retirado do posto de embaixador com efeito imediato”, declarou o órgão.
A demissão ocorre a poucos dias da visita de Estado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Reino Unido, marcada para 17 a 19 de setembro. O encontro, que incluiria um banquete oficial com o rei Charles III, foi articulado por Starmer e pelo próprio Mandelson, agora afastado.
Repercussões e sucessão
A crise se intensificou após a revelação de um “livro de aniversário” em que Epstein descreve Mandelson como seu “melhor amigo”. A divulgação também trouxe à tona uma polêmica envolvendo Trump, com uma mensagem de tom sugestivo atribuída a ele. A Casa Branca negou a autenticidade do conteúdo, classificando-o como falso.
Enquanto um novo embaixador não é nomeado, James Roscoe, encarregado de negócios em Washington, assumirá interinamente. Entre os cotados para o cargo está Karen Pierce, ex-embaixadora com histórico de diálogo com o governo Trump.
Divisão interna no Partido Trabalhista
A decisão de Starmer também respondeu à pressão de parlamentares trabalhistas. Andy McDonald afirmou que “ter simpatia por Epstein mostra uma perda colossal de julgamento”, enquanto Bell Ribeiro-Addy pediu uma investigação ética sobre os laços entre Mandelson e o financista.
Em entrevista ao jornal The Sun, Mandelson reconheceu o erro: “Lamento profundamente ter mantido essa associação por mais tempo do que deveria e lamento ter acreditado nas mentiras dele”.
A demissão marca um novo capítulo de tensão diplomática entre Londres e Washington, com potencial de repercussão direta na visita presidencial e nas relações bilaterais.