Renúncia do premiê do Nepal ocorre após repressão violenta a protestos juvenis

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K.P. Sharma Oli, premiê do Nepal, renuncia em meio a manifestações no país • Reproudção/Reuters

O primeiro-ministro do Nepal, KP Sharma Oli, renunciou ao cargo nesta terça-feira (9) em meio a uma onda de protestos liderados por jovens, marcada por confrontos fatais com forças de segurança. A mobilização teve início após o governo bloquear o acesso a redes sociais como Facebook, Instagram, WhatsApp e YouTube, sob justificativa de combate à desinformação e discurso de ódio. A medida foi amplamente criticada por organizações de direitos humanos e gerou forte reação popular.

As manifestações, protagonizadas por jovens entre 13 e 28 anos, se espalharam por diversas cidades e se tornaram os maiores distúrbios registrados no país desde o fim da monarquia em 2008. A insatisfação vai além da censura digital: os protestos refletem o descontentamento com décadas de corrupção e a escassez de oportunidades econômicas. A taxa de desemprego entre jovens nepaleses ultrapassa 20%, e mais de um terço do PIB nacional depende de remessas enviadas por cidadãos que vivem no exterior.

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Na segunda-feira (8), os protestos atingiram níveis críticos. Em Katmandu, milhares de manifestantes enfrentaram a polícia em frente ao Parlamento. As forças de segurança utilizaram munição real, balas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões de água. Pelo menos 19 pessoas morreram e mais de 400 ficaram feridas, incluindo agentes públicos. Viaturas foram incendiadas, prédios públicos atacados e o aeroporto internacional foi fechado devido à violência.

A renúncia de Oli veio após a saída de outros ministros, incluindo os titulares do Interior, Agricultura, Saúde e Recursos Hídricos. Em nota, o ex-premiê afirmou estar “profundamente triste” com os acontecimentos e culpou “grupos infiltrados” pela escalada da violência. A suspensão do bloqueio às redes sociais foi anunciada, mas os protestos continuaram, mesmo sob toque de recolher.

Líderes políticos e entidades internacionais exigem investigação independente sobre o uso de força letal contra manifestantes. O escritório de direitos humanos da ONU e a Anistia Internacional classificaram a repressão como violação grave do direito internacional. A crise expõe a fragilidade institucional do Nepal e a crescente tensão entre governo e juventude.

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