Risco de guerra eleva preço do petróleo

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Brent, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 2,33% (US$ 1,84), a US$ 77,01 o barril • 15/01/2024 - REUTERS/Dado Ruvic

A tensão crescente no Oriente Médio voltou a pesar nos mercados globais de energia. Nesta semana, os contratos futuros de petróleo acumularam alta de até 3%, impulsionados pela possibilidade real de escalada militar entre Irã e Israel e uma ameaça geopolítica que ronda o Estreito de Ormuz — por onde passam cerca de 20% de todo o petróleo transportado por mar no mundo.

Mesmo com movimentos divergentes nos preços diários — o petróleo Brent caiu 2,33% na sexta (20), enquanto o WTI subiu 0,46% — o saldo da semana foi de forte valorização: Brent +2,5%, WTI +3%. O cenário reflete o risco latente de que o conflito regional se amplifique, comprometendo uma das mais estratégicas rotas de escoamento de energia do planeta.

O mundo de olho no Ormuz: quando um estreito define o destino global

O nervosismo dos investidores é alimentado por declarações cada vez mais duras entre os países envolvidos. Um parlamentar iraniano sugeriu que Teerã fecharia o Estreito de Ormuz caso os Estados Unidos e aliados se unam militarmente a Israel. Essa ameaça, se concretizada, poderia elevar o barril para patamares entre US$ 130 e US$ 150, segundo estimativas de consultorias internacionais.

Embora os preços ainda estejam abaixo desses níveis, a volatilidade já está precificada nos mercados futuros, que operam com prêmios de risco desde os primeiros indícios de escalada no início do ano.

Choques externos, inflação e poços inativos

Para além da geopolítica, dados técnicos também contribuíram para o estresse nos preços. A empresa Baker Hughes reportou queda no número de poços de petróleo ativos nos EUA — um a menos nesta semana, totalizando 438 — o que indica menor oferta interna no curto prazo.

Essa combinação de menor produção, risco no fornecimento global e incerteza diplomática pressiona as cadeias logísticas e aumenta o custo da energia em países dependentes da importação de petróleo, como o Brasil.

Os reflexos não se limitam aos postos de gasolina: o encarecimento do barril tem efeito cascata sobre alimentos, transportes e combustíveis industriais, complicando o trabalho dos bancos centrais que tentam domar a inflação.

A percepção de risco agora se espalha: do petróleo à diplomacia, dos portos ao bolso da população.

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