Sébastien Lecornu assume como primeiro-ministro da França em meio a protestos e tensão política

3 Min de leitura
Sebastien Lecornu, então ministro da Defesa francês (Foto: REUTERS/Gonzalo Fuentes)
Sebastien Lecornu, então ministro da Defesa francês (Foto: REUTERS/Gonzalo Fuentes)

Sébastien Lecornu tomou posse nesta quarta-feira (10) como novo primeiro-ministro da França, em cerimônia realizada no Palácio de Matignon, em Paris. Aos 39 anos, o político assume o cargo em meio a uma onda de protestos liderada pelo movimento “Bloquons Tout” (“Vamos Bloquear Tudo”), que já resultou em centenas de prisões e bloqueios em estradas e escolas por todo o país.

Durante seu discurso de posse, Lecornu evitou mencionar diretamente os protestos, mas sinalizou que mudanças serão necessárias: “Vai ser preciso haver rupturas, não só na forma, mas no conteúdo”. Ele também anunciou que iniciará conversas com partidos políticos para buscar uma saída para o impasse institucional.

- Publicidade -

A nomeação ocorre após a queda do ex-premiê François Bayrou, destituído por perder um voto de confiança no Parlamento. Apesar da troca de liderança, manifestantes afirmam que Lecornu representa a continuidade das políticas de austeridade que motivaram os protestos.

 Protestos e resposta do governo

O Ministério do Interior mobilizou 80 mil agentes de segurança para conter os atos, que se espalharam por diversas cidades, incluindo Paris, Marselha, Lyon e Nantes. Lojistas da capital instalaram tapumes em vitrines, temendo novos episódios de violência como os registrados durante os protestos dos “coletes amarelos” entre 2018 e 2019.

A oposição reagiu com críticas duras. Marine Le Pen, da ultradireita, classificou a nomeação como “o último cartucho do macronismo”, enquanto Jean-Luc Mélenchon, da França Insubmissa, chamou a troca de premiês de “triste comédia” e voltou a pedir a renúncia do presidente Emmanuel Macron.

- Publicidade -
Ad image

 Perfil político e desafios

Lecornu tem trajetória consolidada na política francesa. Foi o mais jovem assistente parlamentar da Assembleia Nacional, prefeito de Vernon em 2014 e aliado próximo de Macron desde 2017. Em 2019, teve papel importante na mediação da crise dos “coletes amarelos”, propondo o “grande debate nacional” que ajudou a conter os protestos.

Agora, seu principal desafio será formar maioria no Parlamento para aprovar o orçamento austero de 2026, tarefa que seu antecessor não conseguiu cumprir.

 Incidente agrava tensão social

Em meio à instabilidade, um episódio chocante agravou o clima no país: nove cabeças de porco foram encontradas em frente a mesquitas em Paris e arredores, com o nome “Macron” pintado em algumas delas. O ato foi condenado por Macron e pelo ex-ministro do Interior Bruno Retailleau, mas Mélenchon acusou Retailleau de fomentar hostilidade contra a comunidade muçulmana.

- Publicidade -

A posse de Lecornu marca um novo capítulo na política francesa, mas também evidencia os desafios profundos que o novo governo enfrentará para restaurar a estabilidade e responder às demandas sociais.

Compartilhar