A atividade de serviços no Brasil enfrentou, em julho, seu ritmo mais intenso de retração desde abril de 2021, segundo pesquisa da S&P Global divulgada nesta terça-feira (5). Quedas nas vendas e na produção levaram empresas a cortarem empregos pela primeira vez em nove meses, agravando o pessimismo no setor.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) caiu de 49,3 em junho para 46,3 em julho, bem abaixo da marca de 50 que separa expansão de contração. O PMI Composto, que inclui serviços e indústria, também recuou, de 48,7 para 46,6.
“Os dados do PMI sugerem que o setor privado do Brasil pode ter dificuldades para retomar o ímpeto no curto prazo, particularmente se as condições de demanda não melhorarem e as pressões de custos continuarem a aumentar,” afirmou Pollyanna De Lima, diretora associada da S&P Global Market Intelligence.
Ela também destacou fatores como incertezas políticas, novas tarifas dos EUA e baixa confiança empresarial como obstáculos à recuperação.
Na semana anterior, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros. Embora segmentos como aeronaves, energia e suco de laranja tenham escapado das taxas mais altas, setores relevantes como carne bovina e café foram diretamente afetados.
A entrada de novos negócios nos serviços caiu pelo quarto mês consecutivo, com ritmo mais acentuado desde abril de 2021. Concorrência elevada, demanda reprimida e queda nas vendas foram os principais fatores apontados.
Com esse cenário, os prestadores de serviços reduziram seus quadros pela primeira vez após oito meses de crescimento no emprego. Os cortes foram associados à inadimplência de clientes, altos tributos e iniciativas de reestruturação.
Mesmo com a inflação operando em seu nível mais baixo em oito meses, os custos operacionais aumentaram, puxados por insumos, impostos e câmbio desfavorável. Os preços cobrados pelos serviços subiram no ritmo mais acelerado em cinco meses, embora abaixo do avanço nos custos de produção.
Pressionadas por inadimplência, instabilidade financeira, competição agressiva e incertezas eleitorais, as empresas demonstraram menor confiança na recuperação futura. O nível de otimismo para os próximos 12 meses caiu ao menor patamar em mais de cinco anos.