A agência S&P Global Ratings reafirmou nesta segunda-feira (19) a nota de crédito “AA+” dos Estados Unidos, destacando que as receitas tarifárias têm potencial para compensar parte dos impactos fiscais da recente lei de corte de impostos sancionada pelo presidente Donald Trump.
Apesar da manutenção da nota, a S&P alertou que os efeitos econômicos das políticas comerciais e orçamentárias ainda geram incertezas e podem influenciar futuras avaliações. A perspectiva da classificação permanece estável.
Segundo Lisa Schineller, principal analista da S&P para os EUA, o foco da agência está na forma como a legislação será executada e nos impactos combinados sobre crescimento, investimento e resultado fiscal:
“É uma compensação potencialmente importante”, afirmou Schineller à Reuters, referindo-se às receitas tarifárias.
A S&P avalia a qualidade de crédito dos EUA com um horizonte de três a quatro anos. Embora não espere que a nova lei reduza o déficit orçamentário, a agência considera que o aumento na arrecadação com tarifas pode mitigar parcialmente os efeitos da medida.
Em julho, os EUA registraram um salto de US$ 21 bilhões em cobranças alfandegárias. Ainda assim, o déficit orçamentário cresceu quase 20% no mês, atingindo US$ 291 bilhões, enquanto a dívida nacional ultrapassou os US$ 37 trilhões, um novo recorde.
Analistas independentes estimam que a nova legislação pode adicionar US$ 3,3 trilhões à dívida pública americana na próxima década.
Outras agências de classificação já tomaram medidas mais duras. Em maio, a Moody’s rebaixou a nota soberana dos EUA, citando o aumento do endividamento. A Fitch fez o mesmo em 2023, apontando deterioração fiscal e instabilidade nas negociações sobre o teto da dívida.