O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a sessão desta terça-feira (10) dedicada aos interrogatórios dos réus no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A sessão, iniciada às 9h, foi interrompida às 12h30 para o almoço e será retomada às 14h30, com o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Pela manhã, prestaram depoimento Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; e Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI.
Interrogatórios e postura dos réus
O STF iniciou na segunda-feira (9) os interrogatórios dos réus do chamado “núcleo crucial” da ação penal. No primeiro dia, foram ouvidos Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin.
Os réus interrogados nesta terça-feira negaram qualquer envolvimento em um plano para manter Bolsonaro no poder por meio de um golpe após sua derrota nas eleições.
Depoimentos da manhã
Almir Garnier
O ex-comandante da Marinha afirmou que participou de uma reunião com Bolsonaro na qual foi discutida a decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para questões de segurança pública, mas negou que tenha sido debatida uma minuta para um golpe de Estado.
“Houve a apresentação de alguns tópicos de considerações que poderiam levar, talvez – não foi decidido isso naquele dia –, à decretação de uma GLO ou de necessidades adicionais visando a segurança pública”, declarou Garnier.
Ele também negou ter colocado tropas à disposição de Bolsonaro para uma eventual tentativa de golpe e afirmou que o desfile de blindados realizado em agosto de 2021, em Brasília, foi uma “coincidência”, sem intenção de pressionar a votação da PEC do voto impresso.
Anderson Torres
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal negou envolvimento em qualquer plano golpista e minimizou a importância da minuta do golpe encontrada pela Polícia Federal em sua casa, chamando-a de “minuta do Google”.
“Não é a minuta do golpe, é a minuta do Google, porque está no Google até hoje”, afirmou Torres, alegando que o documento foi entregue ao seu gabinete e que ele sequer se lembrava de sua existência.
Ele também declarou que, durante sua gestão, não encontrou elementos técnicos que apontassem fraude nas urnas eletrônicas e que sempre comunicou isso ao então presidente Bolsonaro.
Augusto Heleno
O general Augusto Heleno foi o primeiro a exercer o direito de permanecer em silêncio durante seu interrogatório. Sua defesa optou por uma estratégia na qual ele não respondeu às perguntas de Moraes, da Procuradoria-Geral da República (PGR) ou de advogados de outros réus, limitando-se a responder apenas às questões formuladas por sua própria defesa.
Durante o depoimento, Heleno afirmou que “não havia clima” para que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), vinculada ao GSI, realizasse relatórios sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas.
O interrogatório também foi marcado por um momento em que seu advogado orientou Heleno a “ater-se aos fatos” e responder apenas com “sim ou não” às perguntas.
Próximos depoimentos
Na parte da tarde, além de Bolsonaro, o STF deve ouvir os ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, que também foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022.
O caso segue em análise pelo STF, com depoimentos que podem influenciar os desdobramentos da investigação.