O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quinta-feira (10) que a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros causará impacto negativo sobre o estado, especialmente em setores industriais. Durante evento sobre obras do Metrô, ele declarou que os EUA são o principal destino das exportações industriais paulistas, e que a medida representa um prejuízo direto para empresas como a Embraer, que havia fechado contratos internacionais recentemente.
Negociação com EUA e críticas ao governo federal
Tarcísio informou que sua equipe está em diálogo com a embaixada norte-americana, mas ressaltou que cabe ao governo federal conduzir negociações diplomáticas, sugerindo que questões políticas sejam deixadas de lado:
“A gente precisa sentar na mesa, deixar de lado as questões ideológicas e políticas, e trabalhar”, declarou.
Nas redes sociais, o governador atribuiu o aumento tarifário à postura internacional do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alegando que a administração federal prioriza alianças ideológicas em detrimento da economia. Segundo Tarcísio, a culpa pelo prejuízo não pode ser atribuída ao governo anterior.
Repercussões nacionais
A declaração gerou reação de membros do governo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que Tarcísio é quem estaria colocando a ideologia acima dos interesses nacionais. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou o posicionamento do governador como “submisso” e disse que o Brasil não pode se curvar a ações unilaterais.
A carta enviada por Trump a Lula cita o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e acusa o Brasil de censurar plataformas digitais. Especialistas apontam que a política tarifária norte-americana tem forte motivação política.
Histórico comercial entre Brasil e EUA
Apesar da justificativa de “relação injusta” alegada por Trump, dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que o Brasil tem acumulado déficit comercial com os Estados Unidos desde 2009 — ou seja, tem comprado mais do que vendido. O saldo negativo totaliza US$ 90,28 bilhões até junho de 2025.