A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deverá atingir diretamente setores estratégicos da economia nacional. A medida entra em vigor em 1º de agosto de 2025 e deve afetar exportações nos segmentos agropecuário, mineral e petroquímico, incluindo itens como café, carnes, petróleo bruto, suco de laranja e semicondutores de ferro e aço.
Segundo dados do governo federal, entre janeiro e junho de 2025 os produtos mais vendidos aos Estados Unidos incluem:
- Petróleo bruto: US$ 2,378 bilhões
- Ferro e aço (semicacabados): US$ 1,518 bilhão
- Café: US$ 1,172 bilhão
- Aeronaves: US$ 876 milhões
- Derivados de petróleo: US$ 830 milhões
- Suco de frutas (principalmente laranja): US$ 743 milhões
- Carne bovina: US$ 738 milhões
- Ferro fundido: US$ 683 milhões
- Celulose: US$ 671 milhões
- Máquinas pesadas e compressores: US$ 568 milhões
Mesmo com o crescimento das exportações brasileiras — totalizando mais de US$ 40 bilhões em 2024, uma alta de 9,2% em relação a 2023 — o saldo comercial entre os países permaneceu favorável aos EUA em mais de US$ 250 milhões, segundo dados oficiais.
Reações dos setores
- A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) criticou a decisão, apontando que o comércio entre Brasil e EUA sempre foi equilibrado e mutuamente benéfico. Segundo nota da entidade, “economia e comércio não podem ser afetados por questões políticas”.
- O setor de suco de laranja, representado pela CitrusBR, declarou que a medida pode prejudicar toda a cadeia produtiva americana, que depende do Brasil como principal fornecedor.
- A Abiec, que representa os frigoríficos brasileiros, reforçou que disputas geopolíticas não devem comprometer a segurança alimentar mundial e pediu cooperação entre os países.
- O Cecafé destacou que o Brasil responde por 30% do mercado de café nos EUA, e que a valorização gerada por esse comércio representa 2,2 milhões de empregos e 1,2% do PIB norte-americano.
- O setor de petróleo, por meio do IBP, indicou que o Brasil é o 8º maior produtor mundial de óleo bruto, com US$ 92,7 bilhões em receitas entre 2021 e 2023, e alertou sobre os riscos para investimentos e competitividade.
- A Fiemg demonstrou preocupação com a indústria mineira, ressaltando que os EUA são o principal destino das exportações locais e pedindo cautela nas decisões de retaliação.
As entidades avaliam que a decisão norte-americana pode causar prejuízos ao consumidor dos EUA, além de comprometer cadeias produtivas bilaterais e gerar instabilidade no comércio internacional.