As apostas pessimistas sobre os títulos do Tesouro dos Estados Unidos ganharam força nesta semana, impulsionadas pela expectativa em torno do relatório de empregos que será divulgado nesta sexta-feira (5). O dado pode ser decisivo para a próxima reunião do Federal Reserve (Fed), marcada para os dias 16 e 17 de setembro, especialmente no que diz respeito a um possível corte na taxa de juros.
Segundo levantamento do JPMorgan, divulgado até 2 de setembro, houve uma das maiores movimentações semanais em posições de venda nos últimos cinco anos. O aumento do déficit fiscal e a aproximação dos rendimentos dos títulos de 30 anos ao patamar de 5% alimentam o clima de cautela entre os investidores.
Dados fracos reforçam cenário de afrouxamento
A perspectiva de que o Fed possa agir de forma mais agressiva ganhou força após uma sequência de indicadores econômicos abaixo do esperado. A aposta majoritária é por um corte de 25 pontos-base, mas há quem veja espaço para uma redução de 50 pontos, caso o relatório de empregos decepcione.
“Se os dados forem fracos o suficiente, poderemos ver uma queda nos rendimentos, especialmente no curto prazo”, afirmou Kathryn Kaminski, estrategista-chefe da AlphaSimplex Group.
Steven Englander, do Standard Chartered, reforça essa visão:
“Qualquer número abaixo de 40 mil empregos pode levar o mercado a precificar um corte de 50 pontos-base. Para afastar essa possibilidade, o número teria que superar 130 mil, com revisões positivas.”
Pressão fiscal e mercado de opções
A diferença entre os rendimentos de curto e longo prazo aumentou nos últimos dias, com os títulos de dois anos atingindo os menores níveis desde maio. O mercado de opções SOFR também registrou forte atividade, com destaque para posições em strikes de 96,00 e predominância de operações com calls e puts.
Além disso, investidores estão exigindo prêmios maiores para financiar os déficits do governo, em meio a preocupações com os cortes de impostos propostos pela administração Trump e a queda na arrecadação tarifária após uma decisão judicial recente.