O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (1º) que a Índia ofereceu zerar as tarifas sobre produtos norte-americanos — uma proposta que, segundo ele, chega “tarde demais”. A declaração foi feita em sua plataforma Truth Social, onde Trump classificou o relacionamento entre os dois países como “unilateral”.
“Eles agora ofereceram reduzir suas tarifas a nada, mas está ficando tarde. Eles deveriam ter feito isso anos atrás”, escreveu Trump.
A fala ocorre em meio à visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, à China para participar da cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), que reúne mais de 20 líderes de países não ocidentais. O evento tem sido usado por Pequim para promover uma nova ordem econômica e de segurança global centrada no “Sul Global”, em contraposição à influência dos Estados Unidos.
Durante a cúpula, Modi foi visto ao lado dos presidentes Xi Jinping e Vladimir Putin, em uma imagem simbólica de alinhamento entre os três líderes. Modi e Xi também discutiram formas de ampliar o comércio bilateral, reforçando que seus países são “parceiros de desenvolvimento, não rivais”.
Relações comerciais sob tensão
A Embaixada da Índia em Washington não respondeu imediatamente aos comentários de Trump, que vieram após os EUA imporem tarifas de até 50% sobre produtos indianos. A medida reacendeu dúvidas sobre o futuro das relações comerciais entre os dois países.
Embora os EUA e a Índia tenham estreitado laços nos últimos anos, especialmente durante o primeiro mandato de Trump, o presidente norte-americano passou a adotar uma postura mais dura após Nova Délhi se recusar a interromper a compra de petróleo russo — contrariando os esforços de Washington para isolar Moscou devido à guerra na Ucrânia.
Silêncio diplomático
Até o momento, nem o Departamento de Estado dos EUA nem a Casa Branca se pronunciaram sobre os encontros realizados na China. A ausência de resposta oficial reflete o clima de cautela diante da crescente aproximação entre Índia, China e Rússia, em um cenário de reconfiguração geopolítica global.