O governo dos Estados Unidos anunciou o fim do financiamento federal para vacinas baseadas na tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), medida que pode comprometer pesquisas em andamento contra doenças como câncer, HIV, Zika e vírus sincicial respiratório. A decisão foi tomada pela gestão do presidente Donald Trump, que declarou preferência por vacinas de vírus inativado, método mais antigo e considerado menos eficaz por especialistas.
As vacinas mRNA foram fundamentais no combate à pandemia de covid-19, por permitirem rápida produção, alta eficácia e segurança para grupos vulneráveis. Além disso, essa tecnologia abriu caminho para vacinas terapêuticas personalizadas, especialmente no tratamento de tumores como melanoma, câncer de pulmão, próstata e pâncreas. Atualmente, mais de 120 estudos clínicos utilizam mRNA para combater o câncer.
Com o corte de recursos, há risco de interrupção desses estudos, o que pode afetar diretamente pacientes que dependem dessas terapias. A medida também levanta preocupações sobre a preparação global para futuras pandemias, já que a tecnologia mRNA permite rápida adaptação a novos patógenos.
O impacto da decisão pode abrir espaço para que países como China, Índia e Brasil invistam em suas próprias plataformas de mRNA, fortalecendo suas indústrias de biotecnologia. No entanto, esse processo exige tempo, estrutura e financiamento robusto.
A suspensão do apoio às vacinas mRNA ocorre em meio ao avanço do movimento antivacina nos Estados Unidos. A alegação de que essas vacinas seriam instáveis ou inseguras já foi refutada por agências reguladoras e estudos científicos. Ainda não está claro se o corte afetará apenas novos projetos ou também os estudos em andamento.