A Comissão Europeia apresentou nesta quarta-feira (3) o texto final do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, encerrando um processo de negociação iniciado há 25 anos. A proposta será submetida à aprovação do Parlamento Europeu e dos governos dos 27 países do bloco, exigindo maioria qualificada — ao menos 15 países que representem 65% da população da UE.
O acordo prevê redução tarifária ampla entre os blocos, com destaque para exportações europeias de carros, máquinas, produtos químicos e alimentos como queijos, vinhos e presuntos. Em contrapartida, o Mercosul — formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — ampliaria o acesso de commodities agrícolas ao mercado europeu, incluindo carne bovina e soja.
A França lidera a oposição ao tratado, alegando que os produtos sul-americanos não atendem aos padrões ambientais e sanitários exigidos pela UE. Agricultores franceses e grupos ambientalistas realizaram protestos contra o acordo, classificando-o como prejudicial ao clima e à segurança alimentar. A Polônia e a Itália também sinalizaram resistência, o que pode comprometer a formação da maioria necessária para aprovação.
A Alemanha e a Espanha defendem o tratado como alternativa para compensar perdas comerciais causadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos desde a reeleição do presidente Donald Trump. O acordo também é visto como estratégia para reduzir a dependência europeia de minerais essenciais provenientes da China, como o lítio metálico usado em baterias.
A Comissão Europeia nega que o tratado represente ameaça ambiental e afirma que cláusulas de sustentabilidade foram incorporadas ao texto. A votação no Parlamento Europeu ainda não tem data definida.