As vendas do comércio varejista no Brasil caíram 0,2% em maio na comparação com abril, segundo dados divulgados nesta terça-feira (8) pelo IBGE. O resultado representa o segundo mês consecutivo de retração e contrariou a expectativa de alta de 0,2% apontada por analistas consultados pela Reuters.
Mesmo com o impulso esperado pelo Dia das Mães, uma das datas mais importantes para o setor, o desempenho foi o mais fraco para o mês desde 2023.
“São dois meses seguidos de queda com taxas próximas de zero, mas com viés negativo. O comércio está sendo impactado por juros altos e pela queda mais intensa no crédito à pessoa física”, explicou Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE.
Panorama geral
- Variação mensal (mai/abr): -0,2%
- Variação anual (mai 2025/mai 2024): +2,1%
- Acumulado no ano: +2,2%
- Acumulado em 12 meses: +3,0%
Setores com pior desempenho
Entre as oito atividades pesquisadas, três registraram queda:
Setor | Variação mensal |
---|---|
Outros artigos de uso pessoal e doméstico | -2,1% |
Livros, jornais, revistas e papelaria | -2,0% |
Combustíveis e lubrificantes | -1,7% |
Setores com crescimento
Por outro lado, cinco segmentos apresentaram alta:
Setor | Variação mensal |
---|---|
Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação | +3,0% |
Móveis e eletrodomésticos | +2,0% |
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria | +1,7% |
Tecidos, vestuário e calçados | +1,1% |
Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo | +0,4% |
Varejo ampliado: leve alta
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, peças, material de construção e atacado alimentício, houve alta de 0,3% em maio. O destaque foi o setor de veículos e motos, com crescimento de 1,5%, enquanto material de construção ficou estável.
Contexto econômico
A queda nas vendas reflete um cenário de desaceleração econômica, influenciado por:
- Taxa Selic elevada, atualmente em 15% ao ano
- Inflação ainda pressionada
- Redução no crédito ao consumidor
Apesar disso, o mercado de trabalho aquecido e a renda das famílias continuam sustentando parte da demanda.
Com o segundo mês seguido de retração, o varejo brasileiro sinaliza um ritmo mais lento no segundo trimestre de 2025. A expectativa é de que o setor continue enfrentando desafios enquanto a política monetária seguir restritiva.