Violência obstétrica recua no Brasil, mas pré-natal ainda falha

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Foto: Arquivo/MDS

Dados da Pesquisa Nascer no Brasil 2 revelam avanços significativos na assistência ao parto no país, especialmente na rede pública. A prática da episiotomia — corte no canal vaginal para facilitar o nascimento — caiu de 47% para 7% nos partos vaginais realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2011 e 2023. A manobra de Kristeller, considerada uma forma de violência obstétrica, também teve queda expressiva: de 36% para 9% no SUS e apenas 2% na rede privada.

A pesquisa, conduzida entre 2021 e 2023 com mais de 22 mil mulheres, mostra que aumentou o número de parturientes que puderam se alimentar, se movimentar e escolher posições verticalizadas durante o parto. No estado do Rio de Janeiro, 50% dos partos no SUS foram vaginais, enquanto na rede privada esse índice foi de apenas 14%, com 86% das mulheres submetidas à cesariana, a maioria antes do início do trabalho de parto.

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Apesar dos avanços na assistência ao parto, o acompanhamento pré-natal ainda apresenta falhas. Embora 98,5% das gestantes no Rio tenham recebido atendimento, apenas um terço teve registro completo de exames básicos como aferição de pressão arterial e glicemia. Menos de 34% receberam prescrição de ácido fólico, essencial para o desenvolvimento fetal, e apenas 31,6% foram vacinadas contra tétano e hepatite B.

Entre as gestantes de alto risco, 75% não passaram por consulta com especialistas e 36% relataram ausência de exames fundamentais em todas as consultas. A pesquisa também identificou casos de peregrinação em busca de unidades adequadas para o parto, especialmente entre mulheres com condições clínicas prévias.

Os dados reforçam a necessidade de melhorias na atenção básica e na triagem de gestantes com maior vulnerabilidade clínica, além da ampliação do acesso a analgesia e exames preventivos durante o pré-natal.

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